Esporte = Saúde ?

O esporte em geral é dado pela sociedade como sinônimo de saúde, o que não deixa de ser verdade. Mas quando falamos do esporte de alta performance, essa opinião não é mais uma unanimidade, há estudiosos que afirmam que o esporte que exige um alto nível de desempenho não tem como ser saudável, assim como há também os especialistas que acreditam que mesmo um esportista de alto nível pode ser saudável mesmo com as elevadas cargas de treinamento que são submetidos. Na minha perpepção, ambas as idéias são pertinentes e têm suas razões. Porém, antigamente, acreditava firmemente que esporte de rendimento não tem relação com a saúde, hoje já sou mais flexível com relação à isso. Vou colocar minhas idéias para vocês:
Antes de mais nada temos que analisar qual o critério que utilizamos para determinar se uma pessoa é saudável. Para mim, saúde está diretamente relacionada à ausência de doença, ao estado físico e mental e também à questão social. Eu gosto de citar a Daiane dos Santos, já que ela é um exemplo visível de como é duro o treinamento para se chegar ao alto nível. Ela, com tantas lesões e cirurgias no histórico, provavelmente terá sérias consequências providas dessa grande carga de treinamento. Porém, considerando que se não fosse o esporte ,talvez ela estaria desnutrida, catando latinhas na rua, usando drogas e nunca teria o padrão de vida que tem hoje. Por isso, acho que devemos dizer que a saúde não é o foco do esporte de rendimento, o qual tem como objetivo a busca de resultados expressivos, mas não podemos ser tão radicais ao ponto de falar que o esporte de "alto nível" não tem nada de saudável, até mesmo porque ele é o ganha pão de grande parte dos gestores esportivos!!!

O legado do evento esportivo

Quando o assunto é a candidatura de algum país ou cidade para determinado evento esportivo de grande porte, a primeira defesa de quem pretende implantar é que o mesmo trará muitos benefícios para o local. Após a realização do Pan aqui no Brasil e mais recentemente as Olimpíadas na China , esse assunto não sai da lista de discussões de quem acompanha o universo esportivo. Quero aqui, citar alguns aspectos para refletirmos sobre a realização desse tipo de evento, principalmente quando realizado no Brasil. Antes de mais nada, é válido citar que é muito difícil de mensurar o retorno desse investimento, já que esse estudo deve ser feito a longo prazo e existem inúmeras vaíáveis diretamente relacionadas a isso. Porém vou explorar algumas, das quais muito citadas pelos organizadores e realizadores. Uma questão muito levantada é a ascensão do turismo, e de fato ela acontece, pelo menos na época do evento. Mas e depois de realizado o evento, será que o turismo continuará crescendo por esse motivo, será que saberão aproveitar tudo o que foi construído e assim agregar valor à região? Sobre os "Megas" centros esportivos, é preciso planejar qual será a sua utilidade após o fim do evento para não se tornar mais um "elefante branco" ocupando espaço e custando caro! Um outro ponto muito citado é a geração de empregos por causa do evento. Mais uma vez eu pergunto, esses trabalhadores continuarão trabalhando ou perderão seus empregos? Provavelmente após o término farão parte do percentual dos desempregados!

Procura-se talento!! Recompensa milionária!!

Outro assunto que me deixa com a pulga atrás da orelha e que me dá vontate de discutir com vocês, é o processo de seleção de talentos que temos aqui no Brasil. Partindo do princípio que o Brasil é um país imenso e muito diversificado, ele deveria ser referência no que se diz respeito à seleção de talentos, e pelo que observamos é justamento o contrário. Nós, brasileiros, ainda dependemos de ídolos que já se aposentaram ou até morreram, mas qual a razão para isso?? No meu entendimento, existem diversos aspectos que fazem o Brasil ser um país de pouquíssimos atletas de "alto nível" e consequentemente escasso de ídolos. Observem, eu disse poucos ídolos, e não poucos talentos, pois isso nós temos de monte!! Mas com tanta especialização precoce, como descobriremos esses talentos? Assim, novamente aparece a necessidade de exercermos o nosso papel como gestores do esporte. Afinal, somos totalmente dependentes desses talentos para sobrevivermos, já que muito do esporte é sustentado pelos mesmos (um bom exemplo é o tênis brasileiro antes e depois do GUGA)!! Um(a) menino(a) com 6 anos ainda é uma criança e já é cobrado por resultados pelas instituições, pelos técnicos e o pior de tudo: pelos pais!! Gente, uma pessoa com essa idade deve se divertir, brincar, praticar todos os tipos de gestos motores, para depois se especializar em uma modalidade específica. Se não, depois de uns anos, o indivíduo não quer nem ouvir falar dessa modalidade. Além disso, também temos fatores biológicos que devem ser analisados antes, já que cada pessoa possui uma característica biológica diferente e as diversas modalidades também exigem características específicas. É claro que não é de um dia para o outro que conseguiremos mudar esse cenário, mas a partir do momento em que isso for uma unanimidade entre os gestores, tudo ficará mais simples!!!

Onde está a especificidade?

Eu gosto muito da área do treinamento esportivo e acho que é um segmento que tem avançado muito, mas que também tem muito o que ser desenvolvido. Por isso, outro dia fui acompanhar um treino de tênis de quadra para atletas considerados de "alto nível". Fiquei surpreso e preocupado com o que vi, já que uma parte dessa sessão de treino os atletas ficaram correndo por muito tempo em volta da quadra, no que seria um treino aeróbio, e em seguida os atletas davam "tiros" de 60 metros. Vejam bem, não estou falando o que é certo e o que é errado, até mesmo porque é difícil citarmos afirmações deste tipo quando falamos de treinamento esportivo. O objetivo aqui não é criticar aquele treinador ou aquele treino, mas desenvolver uma visão crítica e de reflexão sobre os processos de treinamento que expomos nossos atletas e futuros ídolos. Se observarmos o princípio de especificidade do treinamento esportivo, sugere-se que quanto mais específico o treino, maior a transferência que ele tem sobre o desempenho do atleta. Ou seja, se treinamos um atleta de tênis, devemos aplicar exercícios e ações que sejam próximas aos gestos e a especificidade dessa modalidade. Colocar os atletas para correrem em volta da quadra e justificar essa atitute como um treino aeróbio é muito simplista para mim, principalmente em período competitivo. Afinal, estamos formando tenistas ou maratonistas?? Em que momento de um jogo, o tenista dá um "pique" de 60 metros?? Não podemos fazer um treino aeróbio mas com gestos e exigências específicas do tênis?? Mas o principal problema e culpado não é o coitado do treinador e sim o gestor que colocou ele lá, com a responsabilidade de formar nossos talentos!! Mas também, como o gestor iria avaliá-lo se nem ele sabe dessas coisas??

A importância de um entendor do esporte na gestão esportiva

Sem dúvidas, a gestão esportiva sofre um grande problema atualmente, os gestores esportivos não são esportivos. Soa estranho não? Pois é, mas essa é a nossa realidade. Os responsáveis pelas tomadas das principais decisões não sabem o quão é específico e precioso esse fenômeno, e isso me deixa muito desapontado. Fico pensando no poder do esporte nas mãos de quem realmente entende e acredita nessa força! O esporte não só é formador mas também transformador, só o esporte é capaz de unir diferentes povos e nações a um mesmo objetivo. Simplesmente aceitar e desperdiçar tantas oportunidades nas mãos dessas pessoas é inaceitável!!